O LIMIAR "ANAERÓBIO"

Sempre tomamos o valor de inflexão do ácido lático na intensidade do exercício como o ponto onde o exercício passaria de aeróbio para anaeróbio, ou seja, o limiar anaeróbio, pois acreditava-se que durante o exercício vigoroso, o O2 enviado ao músculo era restrito e a elevação dos níveis da concentração de lactato no sangue indicava maior dependência do metabolismo anaeróbio.

No entanto, segundo Joel Stager e David Tanner, autores do livro Natação - Manual de medicina e ciência do esporte, existem mais causas para este aumento abrupto na concentração de lactato no sangue.

Para os autores, a incapacidade dos pesquisadores em demonstrar a falta de oxigênio nos músculos em atividades de esforça acima do limiar anaeróbio, faz com que este fato, isoladamente, não sugira nada sobre metabolismo aeróbio ou anaeróbio.

Chamado de OBLA - início da liberação de ácido lático no sangue - pode ser causado por outros fatores, tais como:

1 - quando as fibras glicolíticas rápidas (tipo IIb) são requisitadas para contração durante esforço intenso, elas produzem lactato sem levar em conta a disponibilidade de oxigênio (Moriotani et al. 1984).

2 - O Sistema Nervoso Autônomo também pode influenciar o OBLA. A estimulação simpática do pâncreas causa a liberação de glucagon, que juntamente com a epinefrina, resulta em glicólise no músculo e no fígado, respectivamente. O resultado é o aumento da disponibilidade de glicogênio - o combustível para a glicólise.

3 - Finalmente, a estimulação adrenérgica e a subsequente vasoconstrição das arteríolas redirecionam o fluxo sanguíneo durante esforço intenso, de modo a manter o débito cardíaco adequado para os músculos em exercício, ao mesmo tempo em que desvia o sangue dos tecidos de metabolismo relativamente baixo com alta resistência ao fluxo (rim e fígado). O resultado é a redução do fluxo sanguíneo para os tecidos glicogênicos (tecidos com absorção líquida de lactato) e da capacidade de remoção do lactato no sangue.

Durante esforço muito intenso, como o sprint na natação, o fluxo sanguíneo que vai para o músculo ativo é 10 a 20 vezes maior do que o que vai para o cérebro e para os tecidos glicogênicos. A absorção ou taxa de remoção do lactato, está relacionada com a taxa com a que ele está sendo produzido.

Fonte: Natação Manual de medicina e ciência do esporte - Joel Stager e David Tanner - Ed. Manole