Na minha última aula, recebi uma nova aluna. Ela já sabe nadar crawl e costas e já tinha feito algumas aulas no clube, mas nunca comigo.
Tudo estava correndo bem, quando decidi colocar flutuador na aluna. Ela não conseguiu fazer e começou a chorar no meio da piscina!!! A aluna tem mais de 40 anos.
Eu tenho nenhuma paciência com crianças que choram durante a aula, imagine com adultos!!! Com toda a calma possível naquele momento e contando até 20, tentei fazer com que a aluna colocasse o flutuador. Ela me falou que tinha muito medo e que não conseguia. Bom, não sou professor de deixar de fazer alguma coisa por este motivo, então insisti.
Como a aluna começou a perder o controle e não parava de repetir " você não entende que eu tenho medo? você não entende que tenho eu medo?..." lembrei de uma palestra que vi no Encontro de Técnicos, de um psicólogo que disse que na hora que se perde o controle, deve-se: (1) mudar o foco, pensar em outra coisa "papai noel de sunga"; (2) respirar e (3) voltar ao plano - falei meio duro para a aluna se acalmar, respirar e perceber que ela estava com medo de um pedaço de isopor.
Fiz com que ela fizesse apenas algumas braçadas com o flutuador e nadasse um pouco, depois tentasse mais 6 braçadas e nadasse mais um pouco e foi assim até o final da aula, quando a cumprimentei por ter feito algo muito difícil - superar o medo.
Ela me cumprimentou meio à distância e foi embora.
Saí da piscina feliz por ter feito a aluna conseguir executar o exercício, mas ao mesmo tempo sem muita certeza se tinha feito a coisa certa.
Tem determinados momentos que você não pode voltar atrás, deve-se seguir em frente mesmo sem muita certeza do que está fazendo, porque se recuar, pode perder coisas mais importantes, como autoridade ou liderança por exemplo, coisas muito importantes para professores - na minha opinião.
Pois bem, fiquei sabendo que na próxima aula, com outro professor, a aluna me chamou de louco, cavalo, etc...acho que perdi uma aluna.
Não sei se foi certo ou errado, talvez os psicólogos possam falar melhor, mas sei que estou em paz com minha consciência, sabendo que fiz o que achava certo na hora, que dei uma boa aula, que não enrolei e que fiz a aluna superar um grande obstáculo e conseguir fazer uma coisa que ela não conseguia. Talvez ela não tenha visto assim.