Não se pode dizer que não existem estoques significativos de substratos a partir dos quais se pode metabolizar energia para formar o ATP. As células adiposas que formam os coxins gordurosos do corpo, são reservatórios de lipídeos. As células musculares tem depósitos de gordura locais externos e reservatórios intracelulares de lipídios. Os lipídios, ou ácidos graxos, estão disponíveis para as células como substratos combustíveis especialmente eficientes. A gordura contém quase o dobro da densidade energética por grama em comparação aos carboidratos e às proteínas. Estima-se que o estoque médio de lipídios de uma mulher sedentária, quando processados em equivalentes energéticos, ultrapasse 200.000 calorias, enquanto o do homem médio equivale a 150.000 calorias. Como uma pessoa precisa, em média de 2000 calorias por dia para o trabalho biológico celular mínimo, essa gordura armazenada pode fornecer energia por cerca de 100 dias. Mas, reiterando, uma grande quantidade de gordura não significa necessariamente que a capacidade de gerar energia de forma rápida seja igulamente grande.
Em contraposição às gorduras, entretanto os carboidratos não são armazenados em depósitos periféricos no interior do corpo. Não existem cubos ou cristais de açúcar subcutâneos que podem ser sentidos através da pele. Como os carboidratos representam um importante substrato durante o esforço, são considerados limitadores de desempenhos prolongados e práticas extensas de natação. Estudos indicam que os estoques de carboidratos no músculo ativo podem esgotar-se facilmente em uma sessão típica de natação e que a capacidade de reposição desses estoques entre as sessões pode constituir um fator crítico para o treinamento.
Um dos efeitos do treinamento intensivo de natação é a adaptação das células musculares para o uso maior de quantidade de gordura como fonte de combustível. Aparentemente, esse processo permite a substituição dos suprimentos limitados de carboidrato das células. Por causa da sua importância como combustível para o exercício, a ingestão de carboidratos é um importante parâmetro a ser monitorado em nadadores que treinam semanalmente várias vezes por dia. A importânica do metabolismo do carboidrato torna-se evidente a partir do aumento do interesse no papel da formação do ácido lático durante e após as sessões de treinos de natação. A produção de ácido lático ocorre em consequência do uso de carboidratos como fonte de combustível para gerar energia durante o esforço intenso exigido pelo nado.
O outro lado do desempenho de elite e sua compreensão é uma análise dos fatores que causam fadiga durante o treinamento e durante a competição. Ao mesmo tempo em que a fadiga é multifatorial, uma das suas causas fundamentais é a incapacidade de atender as exigências do músculo por energia. O metabolismo do carboidrato via glicólise merece uma explicação detalhada, assim como uma análise do que Brooks et al. (1996) chamam de a "mitologia do ácido lático".
Fonte: Natação - Manual de Medicina e Ciência do Esporte 9 Joel Stager & David Tanner
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