Seguindo a teoria do vórtice da propulsão na natação, hoje vou falar da segunda parte da teoria, que é a propulsão por anéis concorrentes.
Em alguns momentos da natação, como no final das partes submersas das braçadas dos nados borboleta e crawl e durante as batidas para baixo das pernadas do nado de borboleta e de pernada de adejamento, a manutenção do redemoinho recorrente se torna impossível, devido à rápidas mudanças de direção que fazem com que a camada limítrofe de líquido se desfaça.
Quando isso ocorre, é criado um estado de fluxo não-contínuo, caso em que a flutuação por sustentação deixa de ser efetiva. É nesse ponto que o mecanismo por anéis concorrentes começa a atuar.
O nadador de borboleta da figura abaixo ilustra este momento. Colwin acredita que a rápida mudança de direção de cima para baixo, na parte superior da pernada, cria uma diferença de pressão entre a parte inferior dad pernas (onde a pressão é mais alta) e a superior (onde a pressão é mais baixa). A resultante separação da face ar-água, por sua vez estabelece um redemoinho recorrente em torno dos pés. Este redemoinho, devido à rápida aceleração dos pés para baixo será mantido até que os pés do nadador parem de se mover momentaneamente ao final da batida para baixo. Neste momento, o fluido que compõe este redemoinho é rapidamente impelido para trás. Por sua vez, o movimento da água para trás cria uma contraforça que impele o nadador para a frente.
Conforme foi mencionado, o mecanismo dos anéis concorrentes pode gerar propulsão no final das braçadas dos nados borboleta e crawl, conforme ilustrado na figura abaixo por um nadador nadando crawl.
Nesse caso, ele muda rapidamente a direção dos movimentos das suas mãos de dentro para fora. No processo, ele conduz um redemoinho recorrente que é impelido para trás, à medida que a velocidade da sua mão desacelera imediatamente antes de atingir a superfície.
A teoria do redemoinho é realmente uma extensão da teoria da sustentação, porém há alguns problemas para a sua validação, do mesmo modo que em outras teorias. O principal problema consiste em determinar se os nadadores podem realmente estabelecer redemoinhos em torno das suas mãos e pés. O movimento da água não pode ser visto para ser acompanhado, somente durante a entrada da mão na água, quando alguns nadadores deixam um rastro de bolhas pelo caminho das mãos. Nadadores mais experientes conseguem diminuir ainda mais este caminho de bolhas, dificultando ainda mais a observação do mecanismo. Apesar disso, essa teoria merece ser estudada e pode também levar a uma compreesão mais aprofundada do modo com que os nadadores utilizam as forças de sustentação para a sua propulsão.
Até mais.
Fonte: Nadando ainda mais rápido - Maglisho - 1999
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